sábado, 24 de setembro de 2016

Runas

Adicionar legenda
Hallo!

"Runas você encontrará e letras que aconselham, letras grandiosas, letras poderosas, que o Fimbulþulr pintou e os Ginnregin criaram e Odin dos Regin gravou."
Hávámál, 142


Finalmente vou falar das benditas Runas que já citei em alguns posts. Quem são essas belezuras e para que servem? 

Primeiro de tudo eu preciso começar falando que existem vários tipos de Runas, que nada mais são do que símbolos. Aqui eu, obviamente, falo das Runas Germânicas ou Nórdicas. Ou como muitos ERRONEAMENTE: Runas de Odin.

Ok, mas e quem são essas Runas?

As Runas são símbolos que formaram o primeiro alfabeto germânico, aproximadamente em 50 dC no norte da Alemanha, sendo uma variação de outros alfabetos. PORÉM, isso é para os historiadores atuais. Para a sociedade germânica, segundo os mitos, as Runas são forças pré-existentes e de forma alguma fora criada por alguém. Como sempre, há divergências entre os mitos e entre os historiadores. Inclusive alguns historiadores afirmam que as Runas nunca foram utilizadas magicamente. Mas eu não vejo como, uma vez que em alguns símbolos mágicos antigos tem a presença das Runas e algumas tradições de bruxaria germânica, que são "tradicionais", passadas de geração pra geração, as utiliza até hoje magicamente. Se foi ou não utilizada, nunca saberemos. Mas que elas são poderosas forças, não tem como negar. E por tamanha força, é difícil dizer o que elas realmente são. São espíritos rúnicos, como entidades? Forças primitivas? Não sei ao certo, até hoje não cheguei nessa conclusão e também não acho necessário. Apenas tenha o respeito necessário com as runas.

Criadas por Odin?

NÃO! Do ponto de vista espiritual, tendo como crença que as Runas são forças primordiais, espíritos e etc, existe a crença de que Odin as criou. E isso está longe de ser a verdade! Desculpe pra quem é super adorador de Odin, mas leia com atenção as Eddas. Está bem escrito que Odin obteve o dom das Runas, ao se pendurar na Yggdrasil. Logo, se algo é concedido a você, quer dizer que ela já existe.
E isso entramos em outra discussão, estudantes da mitologia pura escrita nos textos, que foram escritos nos períodos onde já existia o cristianismo, assumem que elas teriam sido criadas ou seriam a força cósmica da Fonte de Wurd (Falei dela aqui), pois as Runas além dos poderes pessoais, tem como propriedade decodificação do wyrd, que é justamente feito pelas Nornes. Da mesma forma que existem vertentes que afirmam que Freyja as criou. A diferença é que essa segunda hipótese, vem de vertente clássica, antiga, que os conhecimentos são passados de geração em geração. Já a teoria de Odin foi associação moderna.


ALFABETO RÚNICO

Existem diferentes alfabetos rúnicos, sendo os mais conhecidos o "Elder futhark" e o "Younger futhark". A minha experiência é com o primeiro, é sobre ele que explanarei aqui. A diferença entre ambos é o significado de algumas runas e o acréscimo de runas no segundo. 
Pois bem, o elder futhark é composto de 24 runas. E mesmontro do elder futhark, o desenho e pronúncia dos nomes das runas podem mudar, dependendo da região em que foram utilizadas. Então, não estranhe se achar em algum outro lugar, as runas com nomes diferentes (porém parecidos).

A seguir, trago as 24 Runas com o seu poema e uma breve descrição. Essa descrição não foi feita por mim, preferi pegar de uma fonte que eu gostei muito por elucidar de uma forma clara e objetiva, melhor do que eu conseguiria fazer. (Fonte no final!) Eu aconselho fortemente que você aprenda bem por essa fonte primeiro, entenda bem os símbolos e seu nome, pense na associação primordial de cada uma para então partir para outras fontes de estudo, como livros, ok? Porque os livros tem muito a visão pessoal do autor o que confunde muito quem está iniciando. 



Fehu [Gado]
Valor fonético: f
Nome anglo-saxão: Feoh [Riqueza]
“A riqueza é um conforto a todos os homens; ainda que cada homem deve aplicá-la livremente, se deseja ganhar a honra na vista do Senhor”
Fehu possui um significado material forte, sendo muitas vezes empregada em trabalhos voltados para a prosperidade. Porém, também é uma runa que puxa energia motora e desperta o movimento; por isso, muitas vezes é usada para dar o “impulso inicial” em um projeto. Sua ligação com o gado faz com que possua ser associada ao deus vane Freyr.

Uruz [Auroque]
Valor fonético: u
Nome anglo-saxão: Úr [Auroque]
“Os auroques são orgulhosos e têm chifres grandes; é uma besta muito selvagem e combate com seus chifres; um grande ranger dos pântanos; é uma criatura de muita coragem”
O auroque era um tipo antigo de bovino, provavelmente caçado pelos germânicos e associado com ritos de passagem de meninos. Devido à força associada com esse animal, esta runa ganhou uma atribuição de saúde e é muito usada para feitiços de cura. Pela associação com ritos de maioridade, também pode ser usada para catalizar mudanças e evoluções.

Þurisaz [Gigante]
Valor fonético: þ/ð
Nome anglo-saxão: Þorn [Espinho]
“O espinho é excepcionalmente afiado, uma coisa má para qualquer cavaleiro tocar, notavelmente severo a tudo o que se senta entre ele”
Embora haja uma diferença notável na associação proto-germânica à anglo-saxã, para ambos os povos esta permanece como uma runa de agressividade. Associada também ao deus Þórr, pode ser usada tanto para o ataque (como o martelo do deus, ou uma tempestade) quanto para defesa (como a associação com os espinhos); além de funcionar como contra-feitiço, rebatendo intenções hostis. Porém, o potencial destrutivo de Þurisaz pode facilmente sair de controle e se voltar contra o magista caso não seja usada com o devido foco e concentração.

Ansuz [Divindade áss]
Valor fonético: a
Nome anglo-saxão: Os [Boca]
“A boca é a fonte de todos os idiomas, um pilar da sabedoria e de um conforto aos homens sábios, uma benção e uma alegria a cada cavaleiro.”
Em seu nome proto-germânico, a runa se refere ao grupo de divindades que é identificado como “æsir” em nórdico antigo. Esta atribuição à faz ser associada com Óðinn e também à intelectualidade, reforçando a astúcia, facilitando a obtenção de conhecimento e a inspiração artística. Partindo da atribuição do poema anglo-saxão, também é uma runa ligada à comunicação e que pode ser usada para eloquência.

Raido [Carruagem]
Valor fonético: r
Nome anglo-saxão: Rad [Viagem]
“A viagem parece fácil a todo guerreiro enquanto estiver no salão, e com muita coragem que ele atravessa as grandes estradas nas costas de um cavalo robusto.”
Em todos os poemas esta runa está ligada ao movimento. Pode ser usada para trazer estabilidade, controlando e ordenando as circunstâncias ao nosso redor para permitir avanço. Também é capaz de mudar o ritmo de acontecimentos, tornado-os mais rápidos (além de acelerar o efeito de outras runas quando associada).

Kenaz [Tocha]
Valor fonético: k
Nome anglo-saxão: Cen [Tocha]
“A tocha é conhecida de todo homem vivo pela sua palidez, flama brilhante; sempre arde onde os príncipes se sentam junto dela.”
Associada com o fogo, é apontada como uma oposta à runa Isa. Por trazer o calor, é capaz de gerar entusiasmo e energia nas pessoas. Assim como uma tocha ilumina caminhos, Kenaz é capaz de trazer estímulo mental e facilitar a compreensão. Além disso, também pode ser útil em rituais que buscam purificação ou afastar influências negativas.

Gebo [Presente]
Valor fonético: g
Nome anglo-saxão: Gyfu [Generosidade]
“A generosidade traz o crédito e a honra, os quais suportam a dignidade de uma pessoa; fornece a ajuda e subsistência para todos os homens quebrados que são destituído das demais coisas.”
O principal uso atribuído à runa dos presentes é na composição de bandrúnar, onde outras runas são distribuídas em suas pontas. Também pode ser usada como um atrativo de abundância e dos aspectos positivos de outra runa, sendo muito comum em amuletos de sorte. Ainda pode ser vista como uma runa de união, que traz a harmonia em um grupo ou relação.

Wunjo [Alegria]
Valor fonético: w/v
Nome anglo-saxão: Wynn [Alegria]
“A felicidade aprecia aquele que sabe viver sem sofrimento, tristeza ou ansiedade, e tem prosperidade, felicidade e uma casa suficientemente boa.”
Uma runa muito positiva, associada à vitórias. Atratora do sucesso, é capaz de promover alegria e otimismo nas pessoas. Outro uso recorrente é no reforço de uma relação positiva, criando laços de amizade ou gerando ligações empáticas. Alguns apontam que seria uma runa recorrente em amuletos voltados para o amor.

Hagalaz [Granizo]
Valor fonético: h
Nome anglo-saxão: Hægl [Granizo]
“O granizo é a mais branca das sementes; é girada da abóbada do céu e é lançada entre as rajadas do vento e então derrete na água.”
A chuva de granizo era um evento muito temido antigamente, por causa dos danos que causavam às propriedades e plantações. Por isso, Hagalaz é uma runa que representa fatores externos e fora do nosso controle, porém que diretamente nos afetam – muitas vezes causando rupturas. Magisticamente, pode ser usada para nos adaptarmos melhor à estes fatores ou mesmo para ter algum controle – mesmo que apenas para amenizar seus impactos. Também pode ser usada como uma catalisadora de mudanças.

Naudiz [Necessidade]
Valor fonético: n
Nome anglo-saxão: Nyd [Necessidade]
“A necessidade é opressiva ao coração; porém frequentemente prova uma fonte de ajuda e de salvação às crianças dos homens, e a todos que se cuidam na ocasião.”
Embora seja associada à bloqueios, Naudiz também é associada com fogueiras e outras sinalizações que eram usadas para pedir ajuda. Podemos usar esta runa para obter resiliência em momentos difíceis, além de ajudar a chamar uma ajuda externa para a resolução do problema. Também pode ser usada para remover amarras e impedimentos em nossos caminhos.

Isa [Gelo]
Valor fonético: i
Nome anglo-saxão: Is [Gelo]
“O gelo é muito frio e extremamente escorregadio; resplandece tão claramente quanto o vidro e mais parece ser pedras preciosas; é um assoalho feito pelo gelo, belo e se ver.”
Esta runa normalmente é colocada em oposição à Kenaz, estabelecendo a relação “Fogo&Gelo”. Enquanto Kenaz é expansiva e quente, Isa é contrativa e fria; podemos usá-la para concentrar energias, conservação ou contração, porém é necessário cuidado nestes processos – o congelamento é capaz de levar à estagnação. Em feitiços de proteção, Isa age criando um isolamento que diminui a influência externa.

Jera [Ano ou Colheita]
Valor fonético: j
Nome anglo-saxão: Ger [Verão]
“O verão é uma alegria aos homens, quando Deus, o rei santo do Céu, padece a terra para trazer frutas brilhantes para os ricos e para os pobres.”
Jera representa os grandes ciclos das estações, sendo capaz de promover um crescimento próspero – lento, porém contínuo. Sua associação com colheitas também faz com que seja vista como uma runa fertilizadora, que promove a geração de idéias e traz abundância. Ao usá-la, é necessário lembrar que a natureza possui seu próprio ritmo e deve ser respeitado – não é uma runa de ação rápida.


Eihwaz [Teixo]
Valor fonético: ei
Nome anglo-saxão: Eoh [Teixo]
“O teixo é uma árvore com casca áspera, dura e firme na terra, suportada por suas raízes, uma guardiã da flama e uma alegria em uma propriedade.”
Uma das árvores usadas para representar a própria Yggdrasill, o teixo é uma árvore lembrada por sua resistência e por permanecer verde mesmo no inverno. Esta runa é vista como uma transmutadora, capaz não apenas de promover a perseverança e tenacidade como também de renovar e regenerar. Também é uma runa de proteção, porém apresenta uma agressividade que exige cautela.

Perthro [Taça ou Copo para apostas]
Valor fonético: p
Nome anglo-saxão: Peorð [Peça de Xadrez]
“A peça de xadrez é uma fonte da recreação e de grande divertimento, onde os guerreiros se sentam alegremente juntos no salão do banquete.”
Podemos associar Perthro tanto ao acaso quanto à um pensamento estratégico partindo de seus nomes. Costuma a ser vista como uma runa que revela padrões do Urðr, por isso favorece práticas divinatórias ou rituais que visam compreensão e mudanças no padrão do fluxo. Alguns também apontam ser capaz de revelar segredos e fatores ocultos.

Algiz [Proteção]
Valor fonético: -z (finalizando palavras)
Nome anglo-saxão: Eolh-secg [Junco]
“O junco pode ser encontrado em um pântano; cresce na água e faz uma ferida horrível, cobrindo com sangue todo guerreiro que toca-la.”
Outro nome proto-germânico para esta runa é “Elhaz” (“alce“), sendo esta a principal runa de proteção; alguns autores indicam que o famoso símbolo ægishjalmur teria sido elaborado com ela. Funciona como uma via de mão dupla; além de fortalecer e proteger o usuário, também agirá rebatendo intenções agressivas.

Sowilo [Sol]
Valor fonético: s
Nome anglo-saxão: Sigel [Sol]
“O Sol é sempre uma alegria para os navegadores quando frequentemente viajam sobre o cardume dos peixes, até o curso das terras profundas dos ursos.”
A runa solar, é uma atratora do sucesso e fortalecedora, energizando a mente do usuário. Ela permite ter uma maior clareza e entendimento da situação, encontrando o melhor caminho para prosseguir. Também é usada em processos de purificação e para afastar energias de estagnação.


Tiwaz [deus Týr]
Valor fonético: t
Nome anglo-saxão: Tir [Týr]
“Týr é uma estrela-guia; que mantém a fé com os príncipes; está sempre em seu curso sobre as névoas da noite e nunca falha.”
Uma runa de justiça associada diretamente com Týr, o deus que domou o lobo Fenrir. Irá impregnar o invocador com o espírito do áss, tornando-o corajoso e o impulsionando para a vitória; além de poder ser usada para resolver uma situação onde alguém foi injustiçado. Porém, a índole da divindade jamais pode ser ignorada; Týr é um deus de auto-sacrifício, e corrigirá a conduta de todas as partes envolvidas.


Berkano [Bétula]
Valor fonético: b
Nome anglo-saxão: Beorc [Bétula]
“A bétula não carrega nenhum fruto; ainda que sem semente traz adiante brotos, que para ela é gerado de suas folhas. Esplêndidas são suas folhas e gloriosamente adornadas e sua coroa elevada alcança aos céus.”
Berkano é associada com concepção e feminilidade, sendo capaz de promover a fertilidade e fornecer nutrição para que algo cresça. Por sua ligação com a árvore de bétula, também é vista como uma harmonizadora que traz uma sensação de acolhimento. Alguns autores apontam que mulheres podem usar esta runa para a saúde de seus corpos e contato com aspectos interiores.

Ehwaz [Cavalo]
Valor fonético: e
Nome anglo-saxão: Eh [Cavalo]
“O cavalo é uma alegria dos príncipes na presença dos guerreiros. Um cavalo no orgulho de seus cascos, quando homens ricos sobre o dorso do cavalo reúnem palavras sobre ele; e é sempre uma fonte do conforto ao impaciente.”
Outra runa associada com rapidez, sendo usada para remoção de obstáculos e facilitar mudanças. Alguns gostam de associá-la a Sleipnir, o cavalo de Óðinn, e por isso usam Ehwaz como uma facilitadora de projeção astral. Por causa da ligação cavalo-cavaleiro, muitos a consideram uma runa de conciliação.

Mannaz [Homem]
Valor fonético: m
Nome anglo-saxão: Mann [Homem]
“O homem alegre é querido por seus parentes; ainda cada homem é julgado ao falhar com seu companheiro, desde que o Senhor por seu decreto cometerá uma destruição desprezível á terra.”
Mannaz se refere ao “homem” no sentido de “humanidade”. É usada para promover a harmonia e ligação entre grupos, estabelecendo o trabalho em equipe e fazendo-os atuar como uma irmandade. Ela também pode equilibrar a nossa personalidade para ficarmos mais sociáveis, ou ser usada para conseguir ajuda externa.

Laguz [Água]
Valor fonético: l
Nome anglo-saxão: Lagu [Oceano]
“O oceano parece interminável para os homens, quando arriscam aventurar-se no barco e as ondas do terrível mar e o curso do cuidado intenso não tem rédeas.”
A simbologia de água e oceano de Laguz cria uma ligação entre esta runa e nosso subconsciente, sendo uma runa introspectiva que pode melhorar nossa compreensão interior e intuição. Também pode ser usada para acalmar nossas emoções. Muitos apontam que esta runa possui uma propriedade capaz de ampliar o magnetismo pessoal.


Ingwaz [o herói Yngvi]
Valor fonético: ng
Nome anglo-saxão: Ing [Yngvi]
“Ing foi primeiro visto pelos homens entre os Dinamarqueses do Leste, até que, seguido por seu carro, ele partiu ao oriente sobre as ondas. Então os Heardingas nomeou o herói.”
Yngvi é um herói da Yngling Saga, o fundador da dinastia Yngling, muitas vezes associado com o deus vane Freyr. É outra runa de fertilidade, capaz de conter em si energias que serão liberadas posteriormente. Por causa disso, alguns gostam de usar o seu traçado como perímetro magicamente isolado, para deixar em seu centro amuletos em processo de ativação ou objetos para consagração por exemplo. Também é usada para ter foco e centralizar o pensamento.

Othala [Propriedade]
Valor fonético: o
Nome anglo-saxão: Eþel [Propriedade]
“Uma propriedade é muito querida por todo homem, se ele puder apreciá-la em sua casa tudo o que é direito e apropriado na constante prosperidade.”
Enquanto Fehu pode ser vista como a energia potencial e liberada para um objetivo, Othala pode ser vista como este objetivo concretizado ou o retorno que ele trouxe. É uma runa de prosperidade, porém voltada para empreendimentos duradouros. Por causa disso, também era usada para a proteção de lares e propriedades. Pode ser associada com os ancestrais, e por isso ajudar na reconexão com eles.

Dagaz [Dia]
Valor fonético: d
Nome anglo-saxão: Dæg [Dia]
“O dia é a luz gloriosa do criador, é enviada pelo Senhor; é amado pelos homens, uma fonte da esperança e da felicidade ao rico e ao pobre, e serve para todos.”
A runa do dia promove uma plena conclusão. Tal qual a noite termina e vem o amanhecer, pode ser usada para fechar ciclos e superar dificuldades. Também é vista como uma canalizadora de inspiração, com potencial para promover transformações e ampliar a percepção sutil de seu usuário.
FONTE DAS RUNAS E SUAS DESCRIÇÕES: platinorum.com
OBS: Quando as Runas são compradas, as lojas e fabricantes tem mania de adicionar uma Runa em branco, a Runa de Odin. Ela não consta no alfabeto original e por isso apenas retire ela. 
FAZER OU COMPRAR?

Obviamente, na antiguidade, as Runas eram feitas e não compradas. Inclusive, é citado nas Eddas que eram feitas na hora da leitura mesmo. Era pego galhos do chão, entalhadas as runas e lançadas. Em um período mais antigo, as Runas eram feitas de madeira. Isso evoluiu para pedras e posteriormente para ossos. Sendo esses três materiais os mais clássicos. Porém, nada impede que sejam feitas em outros materiais como sementes, conchas, cartas e etc. A única coisa que eu não simpatizo, porém não posso afirmar se funciona ou não, é a utilização de biscuit para a confecção das Runas.
Sobre fazer ou comprar, eu acho mais mágico e próximo da realidade confeccionar suas próprias Runas. Mas como eu não tenho nada de habilidade motora, que estou melhorando aos poucos, eu acabei comprando as Runas logo que iniciei no caminho. As minhas são de pedra, de quartzo branco, e são maravilhosas. Porém, ha um problema em se fazer de pedras preciosas: Se lançá-las, corre o risco de quebrar, lascar, rachar e etc. Então eu aconselho para o lançamento, ser de outro material, principalmente madeira.
Se você pretende comprar as Runas, você vai ignorar o que vou por agora e vai ler direto a consagração. Inclusive eu indico as Runas da loja Runas Artesanal, pois eles tem a preocupação com a preparação mágica das mesmas. Eu comprei dessa loja, as Runas nessa postagens são compradas nessa loja. Na época eu só encontrei feitas em pedras preciosas, mas tente entrar em contato pra ver a possibilidade de ser de outro material. 

CRIAÇÃO DAS RUNAS

Primeiro de tudo, escolha o material que deseja para criar as Runas. Caso seja alguma pedra preciosa, você deverá comprar em alguma loja especializada. Se desejar com madeira, terá de achar uma árvore que contenha um galho um pouco grosso e grande o suficiente para cortar as "rodelas" para gravar as Runas. Mas antes, gosto da ideia que a Mirella sugeriu no livro Mistérios Nórdicos: "Antes de cortar o galho, o mago irá dar três voltas ao redor da árvore no sentido horário, visualizando uma egrégora luminosa e entoando as runas do Futhark Antigo. Em seguida, pedirá permissão ao guardião ou guardiã da árvore para retirar um de seus galhos, descrevendo a finalidade para a qual será utilizado e oferecendo algo como compensação: hidromel, vinho,
leite, grãos, pão, um pouco de adubo orgânico e água ou uma mecha de seu cabelo. Costuma-se passar um pouco de saliva no lugar do corte ou um pouco de sangue próprio."

Antes que me julguem, eu sei dos erros que esse livro contém. Mas tem algumas coisas interessantes pra se pegar, coisas que não tem como serem resgatadas do tradicional. 

Após ter adquirido o material que as Runas serão feitas, seja a madeira (que deverá ser seca, descascada e cortada em rodelas ou outra forma, de preferência todas na mesma forma) ou qualquer outro material, PURIFIQUE ESSE MATERIAL e então reserve um dia para confeccionar e escolha um lugar calmo para confeccionar. Pode ser ao ar livre, em frente ao altar ou qualquer lugar que desejar. Crie suas Runas, com dedicação, vontade, dê o seu melhor. Caso esteja utilizando tinta, pode utilizar uma gota de sangue na tinta, afim de imantar as Runas com sua energia. Pode também ser invocados os Deuses relacionados as Runas, pode ser entoado o nome de cada uma enquanto grava. Mas se só quiser se concentrar e gravar, não tem problema.

CONSAGRAÇÃO DAS RUNAS

Ok, agora que temos as Runas em mãos, seja compradas ou feitas, vamos ao Ritual de consagração. Não é BEM uma consagração, está mais pra ativação. 
Você vai montar um altar, só não sugiro na lua minguante, contendo a representação do fogo e do gelo. Se quiser, coloque representação dos Deuses, pois iremos invocá-los aqui obrigatóriamente. 
Após ter montado o altar, coloque suas Runas nele e sente em frente a ele. Esse altar pode ser montado na natureza, em casa ou em qualquer lugar que você conseguirá se concentrar. 
Primeiro de tudo, convide Freyja para o ritual, pedindo sua presença no ritual, sua permissão para consagrar aquelas Runas e suas bençãos. Da mesma forma com as Nornes. Sobre Odin, é opcional. Quando eu consagrei, eu não chamei. Mas hoje eu chamaria para participar do ritual comigo. 
Após todas as divindades estarem presentes, você vai se concentrar e pegará a primeira Runa (Sugiro seguir a ordem do Futhark, essa ordem que está aqui no blog) e traçará em cima do desenho já feito, utilizando os dedos ou athame, o desenho da Runa. Chame seu nome por 3 vezes e peça que resida naquela peça que você criou para ela. Em seguida, energize com o fogo e com o gelo e apresente para Freyja, Nornes (uma a uma) e Odin (caso tenha o chamado) pedindo para que eles derramem suas bençãos sobre a peça e a energizem também. Esse processo será repetido com todas as Runas! Faça com calma, sem pressa e com concentração. Por isso reserve um dia que tenha tempo para realizar esse ritual. Além do mais, pode utilizar incensos e músicas relacionadas (recomendo a banda Wardruna).
Após ter acabado o processo com todas, segure todas elas nas mãos e assopre-as. Dê o sopro da vida nelas, visualizando todas as energias se fixando e as Runas acordando! Depois disso, guarde em um saquinho com uma ametista dentro, ja consagrada para manter as Runas com as energias neutras, sem interferência da sua energia e das pessoas que possam vir a tocar nelas.
Se despeça dos Deuses e se possível deixe uma oferenda a eles.

ALIMENTAÇÃO

Todo o oráculo necessita de alimentação energética. Seja como forma de agradecimento, como forma de energizar ou até mesmo de aumentar o seu vínculo. Não vejo ser comentado sobre em livros, grupos e etc. Também é da sua escolha fazer ou não, eu aconselho. Por mais que a alimentação seja uma forma de energização, aqui eu não costumo usar os 4 elementos e sim algo mais ligado a egrégora das Runas. Eu as alimento com gelo e fogo! (recomendo que leia sobre a cosmogonia germânica/nórdica) O fogo e o gelo tem os papeis fundamentais para a criação do todo, por isso eu costumo alimentar as mesmas com estes elementos. 
A periodicidade para essa alimentação, vai variar. Eu não realizo de tempos em tempos cravados, eu faço isso quando minha intuição manda. PORÉM, caso ainda não tenha muita confiança com sua intuição, procure alimentar de acordo com o seu uso. Se você usa bastante as Runas, não só as peças, mas os símbolos na magia, alimente mais frequentemente. 
Eu uso moderadamente as Runas, não tanto como oráculo, mas os símbolos para realizar magia. Então eu acho que minha alimentação acaba sendo mensalmente. 

Pequeno ritual para alimentação

Materiais
  • Runas 
  • Uma vela vermelha (eu costumo acender no caldeirão, mas pode ser no castiçal) 
  • Um cálice, ou recipiente, com gelo (eu utilizo em cubos).


Opcional: 
  • Um incenso (algum de purificação ou transmutação se desejar transmutar as energias que podem estar impregnadas nas Runas, caso utilize para leitura com outras pessoas ou algum incenso pra fortalecer a energia mesmo) 
  • Cristais de ametista para transmutação de energia 
  • Pentáculo para direcionamento da energia 

Ritual de energização das Runas
Com o altar montado, purifique a vela da forma que preferir. Se possível, utilize algum objeto (eu utilizo o athame) para conseguir gravar a runa Kano, a runa do fogo e expansão na vela. 
Acenda a vela e trace no ar, em frente a vela, a runa Kano e a invoque. Pode repetir 3 ou 9 vezes seu nome, se concentrando e visualizando a energia do fogo naquela vela. Invoque-a falando que deseja sua energia para alimentar as Runas.
Depois, trace a runa Isa, runa do gelo e retração no ar em, frente ao cálice ou recipiente com gelo. Repita 3 ou 9 vezes o seu nome, visualizando a energia do gelo naquele cálice. Invoque-a falando que deseja sua energia para alimentar as Runas.

O incenso pode ser aceso agora ou antes, não faz diferença. 
Após ter invocado as forças do fogo e do gelo, você começa invocando as divindades relacionadas as Runas. Eu invoco primeiramente Freyja, por ser uma Deusa que eu tenho um amor muito grande, por ser Deusa da seidr (leia sobre aqui), depois invoco as Nornes. Pode invocar uma de cada vez ou chamá-las apenas de Nornes. Por fim, eu invoco Odin. Mesmo não tendo participação no processo de criação das Runas, o mesmo se submeteu ao sacrifício para ter acesso a elas. Então nada melhor que o auxílio dele para conseguirmos acessá-las. 
Eu os invoco sem textos prontos, apenas sussurro pedindo a sua presença e que derramem suas energias nas Runas para a alimentação energética das mesmas.
Ao invocar Kano, visualizo sua energia em forma de esfera acima da chama. Ao invocar Isa, visualizo sua energia acima do gelo em forma de esfera. A mesma coisa com os Deuses, cada invocação eu acrescento uma esfera, mas acima das Runas.
Agora é hora de manipular a energia! Eu utilizo minha varinha para tal. Puxo uma energia de cada vez, gerando um círculo em movimento ao redor do pentáculo. Quando termino, tem várias energias rodeando o pentáculo e então eu direciono todas para as runas, para que mantenham a alimentação até a chama da vela apagar. 

Talvez seja um pouco complicado pra quem ainda não tem muita prática! Mas tente aos poucos manipular, sentir a energia. Se preferir invocar Kano e puxar sua energia para as Runas, depois Isa e assim, um de cada vez, pode também. Não há regras para manipulação de energia. Apenas utilize fogo e gelo e peça auxílio dos Deuses.

Espero que seja útil e que tenham gostado! Irei fazer outro post, falando um pouco sobre como aumentar a conexão com as Runas, rituais com as mesmas, algumas associações modernas... Aguardem!

Qualquer dúvida ou sugestão, feedbak e etc, é só escrever nos comentários ou me procurar nas redes sociais: Ask.fm - Facebook


Ásrøður

sábado, 10 de setembro de 2016

Espiritualidade Germânica (III) - Magia Germânica

Hail!

Como eu já venho salientando em outros posts, muito do que realmente era praticado se perdeu ou ficou restrito a tribos familiares, que até hoje existem porém não expõem suas práticas. 

Então, se tem apenas fragmentos e ideias de como funcionava a sociedade germânica. Da mesma forma funciona com a magia. 

Vou tentar abordar aqui o que eu sei e venho aprendendo sobre a magia e sua relação com os germânicos. 
Espero que gostem! 

A sociedade como um todo entendia a magia como sendo acessível a todos, tanto para o bem quanto para o mal. Por isso ao passo que se sentiam próximos a ela, também sentiam um certo medo de forças tão poderosas como essa. Porém, embora fosse acessível a todos, existiam "pessoas especializadas" em práticas mágicas. Seus nomes variam de acordo com a prática que conheciam, mais adianta ao descrever as práticas, citarei-os. 
É importante ressaltar que não se tem registros de rituais complexos, nada cerimonial ou algo do tipo. Era tudo muito bruto e tribal, sincero e prático.

A magia era "dividida", digamos assim, em três "categorias" que até hoje não se descobriu ao certo as traduções corretas para os termos e onde um termo deixa de existir para se tornar outro. A semelhança entre eles é pouca e como não há consenso, muitas vezes você lerá o conceito de um com o nome de outro. As divisões são:

Seiðr: são as práticas que lidam com o subsconsciente, com viagens astrais, gerar confusão mental em outras pessoas, a arte do glamoury, manipulação de energia e espíritos. Freyja é a padroeira do Seiðr, sendo ela que ensinou a prática para Odin, que alguns consideram como co-padroeiro do Seiðr. Pra mim, essa magia é pertencente a Freyja e se deve recorrer a mesma para se aprender a prática de forma mais profunda. O praticante de Seiðr pode trabalhar com os espíritos locais (espíritos da terra), chamados na cultura germânica de Landvættir. Foi intimamente ligada as mulheres, sendo essas chamadas de Völvur (plural de Völva), Seiðkonur (plural de Seiðkona), Spækona ou Vísendakona.

Spá: são as práticas videntes inconscientes, onde se pode além de profecia inclui a manipulação e influência do destino. Eram praticadas pelas Völvur, com auxílio das Nornes (tanto como Deusas, como apenas energias primordiais)

As Völvur, como se pode ver, entendiam de uma gama ampla de conceitos e práticas magicas. Por isso eram muito queridas (e temidas) por onde passavam (algumas eram andarilhas, mas algumas permaneciam em suas tribos). Sempre tratadas muito bem por todos, concediam seus serviços (em troca de algo, obviamente) e podiam até mesmo conceder "dons" e bençãos as crianças que nasciam. Há vários relatos de Völvur que foram contratadas para trazer o verdadeiro caos, pois sabiam lidar muito tem com os espíritos da natureza e com as forças que regem isto. Também há relatos de trazerem vitórias para algum lado das batalhas, pois sabem muito influenciar o Wyrd, o destino pessoal. 

Uma das práticas conhecidas é a Völva sentada em um trono, batendo seu cajado (as vezes incluia tambor) ritmicamente enquanto canta alguma canção para ajudar no seu relaxamento e alteração de consciência. As canções poderiam ser produzidas pela própria Völva ou por algum ajudante. Ninguém sabe ao certo como essas canções soariam! Porém, aqui tem algumas canções, de bandas modernas, que podem indicar como elas seriam mais ou menos: Solveig Andersson Jojk "Bjiejjie" - Eivør - Trøllabundin - Hedningarna-Räven 

Galdr: abrange todas as práticas mágicas que dependem da vontade do praticante, da mente consciente. Magia com runas, fabricação de remédios para cura, maldições, encantos... A sua característica, além de ser pertencente ao consciente, é que a magia se foca na intenção em torno da palavra proferida ou pelo canto. Odin pode ser considerado como padroeiro do Galdr. Os praticantes são conhecidos como Galdramaðr ou Galdrakarl (homem) e Galdrasnót (mulher).
Magia com Runas: Algumas fontes separam a magia com runas como sendo um tipo único de magia. Porém, eu discordo. Creio que as Runas por representarem um alfabeto, terem som e poderem ser invocadas, estão dentro do Galdr. Irei fazer um post somente sobre as Runas e como se trabalhar com elas. Só quero citar que existe esse tipo de magia e que está associado com o Galdr. Pode-se entalhar as runas enquanto as invoca, apenas invocá-las e etc.

A minha recomendação é que se pratique o Galdr com algum idioma germânico existente até hoje (Noruguês, Sueco, Finlandês, Alemão, Dinamarquês e etc). Por que? Pela magia que as palavras tem. Eu sinto uma energia diferente entre praticar Galdr em português ou falar algo em alemão. Talvez essa energia venha do fato de estar praticando algo germânico com um idioma germânico, como se me reconectasse com meus ancestrais (tenho uma parte alemã no sangue, mais direta.) 
PORÉM, obviamente você pode praticar em português e DEVE praticar se gostar. Eu pratico em português porque recém vou começar a estudar alemão, então sem neura. Só aprenda um novo idioma se realmente tem muito interesse pela cultura. 

Alguns outros termos para praticantes da magia são:  Gýgr, Fala, Hála, e Skaas (bruxa), Heiðr, Fjölkyngiskona, e Vitki/Vitka (feiticeiro/feiticeira), Tauframaðr (lançador de encantos), e myrkriða (um cavaleiro das Trevas).

Os conceitos, atualmente, não servem para segregar e indicar que temos que escolher um dos três "estilos". De jeito nenhum! Apenas indica o quão ampla era a magia e como podemos nos relacionar atualmente com cada uma. Além de servir como um rumo para se estudar sobre a magia, pois se procurar apenas por "magia germânica" muitas vezes não se encontra muito sobre. Então o interessante é pesquisar cada termo para se entender tudo que a magia era. 

Eu pratico atualmente o Galdr por ser mais rápido, em qualquer lugar eu consigo praticar. Principalmente usando a magia com Runas. Ainda não tive um tempo legal pra começar as práticas com Seiðr e Spá (embora Freyja esteja a tempos me mandando recados). Talvez seja pra eu começar logo... rs

OUTROS TIPOS DE MAGIA

Magia divina: Não é um conceito exclusivamente germano, nem sei se é germano, mas sempre foi praticado pelos mesmos. A magia divina nada mais é do que obter auxílio de divindades para se obter o que quer. Seja no Galdr, no Spá ou no Seiðr. Ou até mesmo só chamar pela divindade em algum momento para pedir seu auxílio. Na prática moderna, se chama a divindade e se oferece algo em troca. No sistema germano ocorre o mesmo, ao pedir-se algo se esclarece o que irá dar em troca.

Magia com símbolos: Associado com o consciente, é o ato de utilizar símbolos para determinados fins. Infelizmente, não ficou registrado de que forma eram utilizados, se dentro de algo mais específico ou se apenas se entalhava os símbolos. Talvez os símbolos tivessem nomes e era utilizado o Galdr ao entalhar os símbolos, mas não tem como ter certeza. Sinceramente, eu nunca utilizei os símbolos que se tem registro. Eu geralmente utilizo as runas mesmo, dentro do Galdr
Diferente das runas, estes símbolos não são energias cósmicas, entidades ou algo do tipo. São apenas símbolos (como por exemplo o pentagrama) que se pode ativar para obter a energia do mesmo. Para se ativar esses símbolos, um ritual básico com os elementos deve bastar. 
São muitos símbolos, que eu mesmo nunca nem testei. Então não acho legal ficar colocando todos os símbolos que eu conheço aqui. Mas vou deixar alguns para se ter ideia de como seriam. 

Fonte: A Magia Escandinava, Marcio Alessandro Moreira

Para quem quer se aprofundar mais no assunto, existe os arquivos denominados "A Magia Escandinava" feitos pelo "Marcio Alessandro Moreira" e é dividido em três. E também o "The Galdrabók (Icelandic Book of Magic)" que é um grimório nórdico datado de 1600 d.C.

Como viram, o que ficou registrado remete a uma sociedade extremamente simples, dotada de poucos rituais mais complexos (como os para contatar mortos e mexer com o wyrd). NADA IMPEDE de que a sociedade tenha sido super complexa, com rituais super elaborados. Mas eu desacredito, uma vez que tudo era passado oralmente. Não creio que rituais elaborados demais teriam sido criados. Quem sabe uma estrutura base para se realizar as práticas?! E também pelo fato de serem tribos altamente ligadas com a terra. A sociedade não era tão organizada quanto outras sociedades, como os gregos por exemplo. Mas nunca saberemos. 
Temos acesso a poucos registros o que impossibilita maiores percepções. Sem falar que existem tradições ainda, onde os ensinamentos foram passados de geração em geração e devem ser ricas em material. Porém, não tem como descobrir estes "mistérios".

Com base nesses conceitos mágicos, é que eu pratico a minha magia. Mas uso de elementos mágicos que são mais modernos. Como velas, cores, caldeirão, instrumentos mágicos e etc. Porém, tento trabalhar da forma mais germânica possível. Quando eu postar sobre o próximo festival aqui, o Hexennacht, vai ficar um pouco mais claro. 

Qualquer dúvida ou sugestão, feedbak e etc, é só escrever nos comentários ou me procurar nas redes sociais: Ask.fm - Facebook


Ásrøður

domingo, 28 de agosto de 2016

Espiritualidade Germânica (II) - Yggdrasil (Mundos, Seres e Fontes)

- Então Jafnhárr disse:"O freixo é a melhor e a maior de todas as árvores;
seus ramos se espalham pelo mundo inteiro e alcança o céu. 
A árvore é sustentada por três raízes que se espalham para longe." 
Gylfaginning, verso 15

Hallo!

Dando continuidade sobre as explanações da Espiritualidade Germânica, o assunto será a Yggdrasil.

A Yggdrasil é citada em vários textos diferentes, não havendo um único texto com sua descrição completa.


"Três raízes se expandem em três caminhos
abaixo do freixo Yggdrasil.
Um habita abaixo de Hel,a outra abaixo
dos hrímþursar,e a terceira abaixo dos seres humanos"
Grímnismál, verso 21

Yggdrasil, ou árvore da vida, na visão dos germanos é a árvore que sustenta os nove mundos. É o eixo central do universo. Não é bem explicada nos textos, havendo rombos enormes entre um texto e outro. Pode-se inferir algumas coisas, utilizando os textos existentes hoje, mas nunca a sua totalidade. Assim como há divergências entre os autores sobre a localização dos mundos. Sabe-se que os desenhos da Yggdrasil plana, com os mundos em sequência, é apenas para fins didáticos. Os mundos se comportam como esferas que se entrelaçam.

OS NOVE MUNDOS DE YGGDRASIL

Existem divergências entre os autores sobre quantos mundos tem e sobre quais são! Abaixo deixarei da forma que acredito que seja. 

Yggdrasil com seus nove mundos

Mannheim (Midgard), o mundo dos homens. O plano físico e onde vivemos. Foi construído a partir das partes do gigante Ymir, que foi morto.

Godheim (Asgard), o mundo dos  Deuses Æsir. 

Vanaheim, o mundo dos Deuses Vanir. 

Helheim, o mundo dos mortos. Governado pela Deusa Hella, é destinado as almas que não foram escolhidas pelos Deuses para residir em suas moradas. Porém, há um conflito nesta ideia. Ao meu ver, temos claramente a visão cristã na descrição de Helheim, uma vez que é lugar para as almas que não foram para um lugar "acima", não foram com os Deuses. 
Então pra mim, Helheim é o lugar de todas as almas quando decidem descansar. Enquanto livres, creio poderem viajar pelos outros mundos. 

Do ponto de vista ocultista e mágico: É o submundo nórdico, onde estão os Deuses relacionados com a morte e os próprios espíritos. Aqui nós temos a associação com o inconsciente mais profundo, onde as ideias são apenas um nada sem forma. Como os habitantes daqui são espíritos que estão descansando para retornar para Midgard, eu não recomendo trabalhar com eles. Caso queira algum aliado mágico, praticar necromancia e etc, converse com espíritos em geral, mas não especifique que são com os espíritos de Helheim.

Nidavellir (Svartalfheim), significa "campos escuros" tem como moradores os Dvergar (anões). Ao contrário dos Elfos, não parece terem sido cultuados. Suas características são relacionadas aos mortos e introspecção.  Possuem muito conhecimento, incluindo a magia. Seu papel na mitologia é de serem ferreiros e moradores das Rochas. 

Alfheim, o mundo dos elfos. Este mundo foi dado ao Deus Freyr, e consequentemente, é ligado a fertilidade e luz.

Do ponto de vista ocultista e mágico: Pode-se trabalhar com estes seres para criatividade, uma vez que o plano destes é acima  de Midgard. Alfhein é expansão, é calor, são ideias bem definidas 
e prontas para serem executadas. E obviamente, é fertilidade.


Jotunheim, o mundo dos gigantes. Estes seres tem papel ambíguo na mitologia. Uma hora sendo inimigo dos Deuses e outra aliados. São muitas vezes associados com eventos climáticos. Representam força bruta e instinto. 

Do ponto de vista ocultista e mágico:  Representa as forças que temos dentro de nós que são destrutivas, mas apenas quando usadas erroneamente. Quando controladas e focadas, se tornam energias super produtivas. Existem muitas pessoas (e eu sou uma delas) que sentem ter muita energia mas que acaba desperdiçando em coisas não produtivas. Por serem a personificação da força bruta e instinto, caso você seja uma pessoa que se sente fraca, sem essa força bruta interior, é uma boa ideia se trabalhar magicamente com estes seres, independente de qual seja. Porém, se o seu caso é o contrário, eu recomendo pesquisar muito bem os gigantes que aparecem nas poesias e textos para que trabalhe com algum que já tenha sua energia controlada e focada para algo construtivo. Veja bem, não estou dizendo que os gigantes com energia bruta destrutiva sejam ruins. A destruição faz parte da natureza! 

Niflheim, o mundo de gelo eterno. Da sua interação com o fogo de Muspelheim, se iniciou a criação de tudo. 

Do ponto de vista ocultista e mágico: Aqui nós temos todas as ideias e ações que um dia acontecerão, mas que precisam do fogo para serem geradas. Representa o principio passivo e receptivo, representa a ordem e o conservadorismo. 

Muspelheim, o mundo de fogo eterno. 

Do ponto de vista ocultista e mágico: É o fogo necessário para que as coisas aconteçam. Representa o princípio ativo e expansivo, representa o caos e a destruição.

--x--

Nota: Antes de continuar, quero frisar que separei a parte ocultista do assunto, para não pensarem que esse era realmente o ponto de vista germano. AS ASSOCIAÇÕES COM SUBCONSCIENTE, UTILIZAÇÃO NA MAGIA E ETC SÃO ASSOCIAÇÕES MODERNAS. Como eu falo no post de apresentação do blog (aqui), o intuito é dar foco pra parte histórica, esquecida nas religiões de vertentes modernas da bruxaria que tentam trabalhar com magia germânica. Então sempre vou trazer a parte histórica e a forma de se trabalhar isso com a bruxaria ritualística, uma vez que não havia ritualística entre os germanos. Mas será falado em breve... rs
--x--

SERES DA YGGDRASIL



ROTATOSKR

"Ratatoskr é chamado o esquilo
que corre sobre o freixo Yggdrasil
Ele descobre as palavras da águia que fica em cima
e as diz para Niðhöggr que fica em baixo"
Grímnismál, verso 32
Rotatoskr é um esquilo que passa seus dias a subir e descer ao longo da Yggdrasil, a fim de levar mensagens da águia Hræsvelg para a serpente Níðhöggr. É contado que leva mentiras, fofocas e intrigas.

ÐHÖGGR



"A angústia suportada pelo freixo Yggdrasil
é maior que um homem pode saber.
O veado morde de cima,
seu tronco está apodrecendo
e Níðhöggr rói suas raízes de baixo."
Gylfaginning, verso 24

Níðhöggr é um enorme dragão (ou serpente) que vive roendo uma das raízes de Yggdrasil. Está raiz está em Niflheim e a teoria é de que esteja impedindo a sua liberdade. Seu nome significa "devorador de corpos" e teria importante papel após o fim do mundo.  


HRÆSVELGR E VEÐRFÖlNIR



Hræsvelgr é a águia que reside no norte do universo, residindo no seu limite. Isso nos faz entender que ficaria no topo da Yggdrasil. É uma águia gigante que com suas asas cria o vento.

Veðrfölnir é um falcão que está sentado entre os olhos de Hræsvelgr. Há uma teoria de que sua função seria a mesma dos corvos de Odin: Trazer a sabedoria e conhecimento





DÁINN, DVALLIN, DUNEYRR, DURAÞRÓR



"Quatro veados saltam sobre

os ramos do Freixo e comem os brotos; Esses são seus
nomes:Dáinn,Dvalinn,Duneyrr,Duraþrór."
Gylfaginning, verso 16



Existem algumas associações que os autores fizeram, a fim de entender o que esses quatro veados representam e porquê estariam comendo os brotos da Yggdrasil:
  • Seriam as quatro estações do ano, que de certa forma agridem a Yggdrasil, pois há o ciclo de nascimento-morte das folhas;
  • As quatro fases da Lua, mostrando novamente um ciclo;
  • Seriam ventos, dois deles calmos e dois deles fortes. Essa associação surgiu pois Dáinn e Dvallin são nomes de anões também e estes seres controlariam os ventos;
Porém, existem ainda autores que desacreditam ser quatro veados e sim apenas um, o citado no Grimnismal. Pois as estrofes que citam os quatro veados são posteriores. E este único veado seria o mesmo Eikþyrnir, um veado que estaria sentado em cima de Valhalla.

JÖRMUNGANDR (A serpente de Midgard)

É filha de Loki com a giganta Angrboda. Conta-se que fora jogado no mar que circunda Midgard e tomou proporções gigantescas, chegando a circundar toda a Midgard e morder sua própria cauda. Inclusve o início do Ragnarök é quando Jörmungandr largar sua cauda. 


--x--


FONTES LOCALIZADAS NA YGGDRASIL

Urðarbrunnr

"Eu conheço o freixo que se ergue chamado Yggdrasill,
uma grande árvore,respingando com água branca; de onde vem o orvalho que cai nos vales, que cresce eternamente verde sobre a fonte de Urðr."
"Dali vem as donzelas de muita sabedoria, três de fora do mar, que fica abaixo da árvore; uma se chama Urðr, a outra Verðandi, que registravam em chapas de madeira, Skuld é a terceira. Elas decidiam as leis, elas escolhiam as vidas, os filhos das pessoas, e diziam o örlög."
Völuspá, versos 19 e 20

Aqui se encontram três Deusas, que não irei me aprofundas agora pois terão papel importantíssimo no post sobre destino.
Seus nomes são: Urðr, Verdandi e Skuld. São chamadas de Nornes ou Nornas. São as Deusas que controlam o destino de todas as coisas, inclusive de outros Deuses. Por esse motivo alguns autores desacreditam que são divindades e acreditam que são grandes forças que estão acima de tudo. Urðr representa o passado é encarregada de confeccionar o fio que será usado para que o wyrd seja feito. Verdandi representa o presente e é responsável por confeccionar o wyrd (falarei sobre futuramente, é como se fosse o destino). E Skuld corta o fio, finalizando o wyrd.



Mímisbrunnr

Mímisbrunnr é a fonte da sabedoria. Mímir é um Deus-gigante que ao tomar da fonte da sabedoria se tornou o Deus mais sábio. Teve sua cabeça decepada mas Odin o manteve vivo com o uso da magia. Desde então, é guardião da fonte e já permitiu que Odin a bebesse em troca de seu olho.  











Hvergelmir (ou Kverghjelme)

Eikþyrnir é chamado o veado que fica
no salão e come os ramos de Lærað.
Gotas caem de seus chifres até Hvergelmir.
De lá surge todos os rios.
Grímnismál, verso 26

Sua localização é em Niflheim e seria o local de onde se origina todos os rios, tantos rios que nenhuma língua seria capaz de numerá-los.

--x--

Para finalizar, trago uma representação da Yggdrasil com todos estes locais que eu citei no texto. Ela é bem didática, mas tenha em mente que os planos se entrelaçam. 

Ah, e calma que o post sobre a Yggdrasil terá continuação! É muita informação para um post só. Peço que não fique apenas com o conhecimento adquirido aqui. Pesquise mais, pesquise sobre as Eddas, sobre quais textos temos a disposição. Isso aqui é apenas uma resumo, tente ser imerso ao assunto para compreender melhor como as sociedades funcionavam.
Além do mais, infelizmente a mitologia germana é muito falha e temos poucas informações concretas sobre muita coisa. As vezes é apenas uma pequena estrofe e o resto é dedução.

Qualquer dúvida só escrever nos comentários ou me procurar nas redes sociais: Ask.fm - Facebook



Que os Deuses nos acompanhem hoje e sempre.

Ásrøður