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Huliðshjálmr - Ficar invisível aos olhos do inimigo |
Hallo!
Como o título já diz, irei explanar sobre a espiritualidade dos povos germânicos-nórdicos. Em todo o blog, sempre estarei utilizando fontes históricas para os posts que necessitam disto. Porém, é inevitável incluir a minha visão e entendimento. Uma vez que os ensinamentos não eram passados de forma escrita e sim oral, houve sempre uma dinâmica de interpretações diferentes. Então nunca irá existir uma única verdade.
Quero começar o texto já diferenciando o joio do trigo. Quem eram os Germanos e quem eram os Nórdicos? Os Nórdicos nada mais são do que uma parte dos Germanos. Os países Germanos englobam não só os Nórdicos, assim como outros da região do Norte da Europa. Ou seja, mais abrangente. A seguir trago um mapa, onde exemplifica o que falei, facilitando a compreensão:
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Países Nórdicos x Países Germanos¹ |
Tendo em mente que o termo Germano é mais abrangente, vocês já entenderam o motivo de se utilizar ele.
Mas a espiritualidade germânica não é heterogênea.
- Como assim?
Simples. Vamos citar o Brasil. Ele é enorme, as culturas de cada canto do país mudam demais. Os hábitos, as vestes, a fala... Da mesma forma que cada tribo desses países germanos tinham diferenças entre sua espiritualidade, folclore local, etc.
Então sempre que se fala em Espiritualidade Germânica, é importante lembrar que os achados que se tem até hoje, não simbolizam a totalidade dos povos e sim alguma parte deles. Ou seja, nós temos achados da região x sobre os Deuses e o achado da região y sobre os rituais. Na antiguidade, x tinha todo um sistema próprio, assim como y. Mas não conseguimos a totalidade, conseguimos parte de cada um que se complementa.
E é isso que é praticado hoje em relação aos Povos Germanos, quando se fala em reconstrucionismo.
Outro ponto importante sobre a espiritualidade germânica, é o fato de que ela era passada oralmente.
Ou seja, não há documentos sobre qual era a organização dos povos, a sua forma de culto aos Deuses, seus festivais e etc. Os escritos que existem hoje, como por exemplo as Eddas, foram escritas num período onde já havia influência do cristianismo.
Isso fica visível nos conceitos de Ragnarök (O fim do mundo da cosmologia germânica) e em outras partes que se cita o termo "Senhor" muitas vezes, com a ideia de um ser maior.
Então para praticar a espiritualidade germânica, se utiliza desses fragmentos e algumas deduções.
Pois quanto mais se lê sobre, mais se consegue encaixar algumas coisas. Mesmo você não sabendo exatamente como era feito, se você tiver uma noção de como os povos funcionavam, você consegue praticar.
- Entendo, mas como era a relação dos Germanos com a espiritualidade?
Se sabe até agora, que não existia uma separação nas tribos entre o que era mundano e espiritual. As duas coisas andavam entrelaçadas, participando 24h por dia da vida dos antigos povos.
Deve-se ter em mente como esses povos viviam, para que se possa entender porquê não existia separação.
O sustento vinha da terra. Não existia, obviamente, as tecnologias que existem hoje. Então era necessário plantar e tinha que dar certo, tinha que render boas colheitas. E como eles garantiam isso? Pedindo aos Deuses.
A cura de doenças, era complicada. Era necessário ingerir remédios naturais, utilizar pastas naturais e obviamente pedir aos Deuses a cura.
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Runas: Uruz, Laguz, Fehu e Raido. |
Então, dessa forma, tudo era sagrado. Tudo era dos Deuses.
A natureza não era subjugada e sim aliada. Pois era entendido a força que a mesma tinha. Eram sempre feitos oferendas aos Deuses e aos espíritos da natureza, como uma retribuição as graças que eram recebidas.
O que eu quero que você entenda é a magnitude disso.
Os Deuses não eram simplesmente divindades com poderes legais.
Eles ERAM e SÃO a natureza pura. Sunna carrega o disco solar, Mani, o disco lunar. Freyja e Freyr são a fertilidade pura, de todas as coisas. Nerthus a fertilidade de Miðgarðr (terra) e Jörd a própria Miðgarðr.
Então, não há como fugir disso, não há como não estar imerso e enxergar de forma externa. E essa é uma dificuldade muito grande dos atuais heiðinn (pagão, em nórdico antigo) por conta dos anos de cristianismo que vivemos.
Se você que está lendo o meu texto e se interessa em seguir este caminho. Vamos começar com a regra principal: Se libertar da ideia de que os Deuses são entidades acima de nós, que eles são algo distante e separado. Eles estão aqui, em tudo. Na terra que pisamos, nos alimentos que comemos, no dia e na noite. Em absolutamente tudo.
É isso a espiritualidade germânica, esse ambiente de imersão. Esse estar com os Deuses a toda hora, é conversar com eles quando se é necessário, é agradecer pelos alimentos e pelas bebidas. É celebrar com eles, dançar, tocar e ouvir música. Tudo isso agrada aos Deuses, não é necessário grandes rituais, coisas orquestradas e montadas. Os Deuses são a simplicidade das coisas. São tudo.
Eu vou encerrando por aqui, pra não ficar tão longo. Realmente é algo simples e poderoso o modo que funciona a espiritualidade germânica.
No próximo post eu vou explorar a espiritualidade germânica e sua relação com a Yggdrasil, a árvore dos nove mundos.
Até mais!
Ásrøður
<3
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